domingo, 1 de fevereiro de 2009

Definição

Todo e qualquer ser humano que pisou sobre a terra ou esteve debaixo do céu, já, de alguma forma, tentou descrever o mais nobre dos sentimentos. Exclusivo do bicho homem, toda e qualquer manifestação de nossa propriedade abstrata surge de num instante, duma faísca ou pelo gosto salgado provocado por lágrima caída em um dia de verão.

E neste mar de possibilidades afrodisíacas ou temerárias, incorremos infalivelmente no grave erro de aceitar á todas e ao mesmo rigoroso tempo. Este último as divide entre as que de fato ainda o são ou àquelas que deixaram de ser e tornaram-se realidade.

O tempo faz isso. Já disseram que ele, como bom remédio de curandeira, cicatriza as piores feridas do coração e da alma. Discordo. O passar dos dias nada mais é do que se não o prolongamento de um sofrimento sem fim ou uma frágil bandagem sobre uma artéria aberta onde se esvai até a última gota o vermelho que nos mantém.

Não. O tempo definitivamente não é bom conselheiro. Ele não é o mesmo para todas as pessoas e é exatamente essa sua propriedade que o faz injusto. Uns chegam mais cedo, enquanto outros já estão no meio da estrada indo embora, mesmo que tenham a irresistível vontade de ficar ali por mais alguns segundos observando a cena e quem sabe fazer parte dela.

O amor talvez seja isso, a intenção de estar perto através de um sussurro combinado com gestos de afeto. Mas ele pode, de fato e por direito adquirido vencer o tempo? Não, não pode.

Á não ser que ele enlouqueça, se perca e não consiga identificar o que é dia ou noite, mês ou um século. Então o triunfo será todo do amor que conquistará seu espaço através da mais pura ignorância. O amor não fica velho, ele se transforma. Ele renasce em qualquer lugar e a cada segundo, tornando-se eterno entre as pessoas.


Alaor Alexandre
01-02-09

Nenhum comentário: