Sinais de Maturidade
Você com mais de vinte, lembra das coisas que só aconteceram quando era criança e nunca mais voltaram?
Não, não é nenhuma pergunta melancólica não. Diria saudosista, mas não vou utilizar aqui aquela triste e conhecida expressão: “No meu tempo...”
Bem que dá vontade, mas vou me conter. Ao menos nesse momento.
O motivo das linhas é apenas um desejo de falar das coisas boas da vida, quase inocentes.
Afinal quem (com mais de trinta) não viveu os tempos em que as festas eram em família e que duravam o dia todo?
A primeira tarefa começava na noite anterior, quando o churrasqueiro responsável, munido de seus condimentos secretos, temperava o prato principal do café da manhã, almoço, café da tarde e janta.
Ali perto, já experimentando o que serviria de bebida etílica no dia que logo amanheceria, quem era mais moço preparava os espetos para as carnes, utilizando-se apenas de facão e taquara verde.
No dia seguinte, o trabalho inicial era o fabrico do buraco onde seria a churrasqueira, de preferência em terreno fofo. Afinal ninguém queria cansar-se ou sujar a roupa da festa.
Ao mesmo tempo, mais uns dois ou três (sempre homens) traziam do quintal ou do mato mesmo, as duas bananeiras que serviriam de sustentação para os espetos abarrotados de muita carne temperada com limão, sal, vinagre e outras coisas que o tio nunca contou.
Tudo pronto, e então alguém trazia uns gravetos secos e depois umas brasas do fogão da dindinha para o ritual ter seu início e estender-se por todo o dia. Era hora de dar serviço para os dentes!
“No meu tempo” (desculpe mais tive de utilizar), já se ouvia o som do bailinho na grama através do toca-fitas.
Enrolava de vez em quando, mais isso até que fazia parte da graça.
A redondeza inteira cheirava churrasco, até porque a festa não acontecia só ali na casa do Jeromão.
Das famílias de italianos vinha também o cheiro da polenta e os gritos da “mora”.
Parece que disputavam quem se divertia melhor. A briga era parelha.
Talvez por esse motivo que as festas de alguns anos atrás fossem como eram, as melhores.
Não vou comparar com o que acontece hoje em dia, quando um porta-malas de automóvel é aberto e ninguém escuta mais ninguém.
Na verdade não sei se tive o azar de ver essas coisas da modernice, ou se tive a sorte de viver e não esquecer do que acabei de escrever.
Vou encerrar tomando emprestado uma expressão daqueles tempos
"Na manha do ganso."
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