sexta-feira, 4 de março de 2011

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Com os recentes problemas enfrentados pela rizicultura e pela fumicultura nos estados de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, nossa economia vem enfrentando sérios desafios. Dificuldades que vão desde os dias em que o comércio aperta o cinto e procura sobreviver da gordura acumulada em anos melhores, até os percalços enfrentados pelas próprias famílias, que a princípio, ainda tem nessas duas culturas em especial sua principal fonte de renda.

Desde o preço irrisório, pago pela saca de arroz no mercado interno – diante das extremas dificuldades de exportação, com o dólar lá embaixo – até a tão questionada classificação por parte das empresas fumageiras do tabaco plantado pelos pequenos produtores rurais, o que se vê é uma série de reclamações e erros de todas as partes.

São falhas de avaliação de mercado, a tentativa de conseguir ganhos à margem das leis vigentes no país, e até mesmo o comodismo por não buscar alternativas diante da crise, seja lá na roça mesmo, quando o agricultor escolhe como vai ocupar a área de plantio de sua propriedade, até o comodismo da própria indústria que em parte não pesquisa, não busca novos meios de aproveitar integralmente um produto tão abundante em nossa região.

É preciso agregar valor ao produto, se não estaremos fadados a um futuro de insucesso, como foi observado por quem foi à Camaquã no sábado passado. Uma das jóias da economia gaúcha dos anos 70, 80 e 90, como nossos próprios olhos viram, se transformou num amontoado de máquinas agrícolas antigas e enferrujadas a céu aberto. Se não for feito algo agora, nesse exato momento divisor de águas, aqui na nossa região não tenham dúvidas de que outras “Camaquãs” se espalharam pelo Sul do país afora.

As oportunidades estão aí, diante dos nossos olhos. Que não esperemos mais pela bondade e complacência de nossos políticos, por exemplo. Afinal de contas, estamos ainda em um país em desenvolvimento, não em uma nação onde o governo, por meio de subsídios, sustenta a cadeia produtiva, como nos Estados Unidos, por exemplo.

O agricultor deve buscar conhecimento, superando nossa conhecida desconfiança, mesmo diante do que está tão claro. Deve visitar feiras, conversar com extencionistas rurais, procurar por exemplos de otimização do espaço de sua propriedade. Enfim, fazer o que estiver ao seu alcance, e até mesmo um pouco mais. Se não em pouco tempo estará nas cidades, entrando na fila de qualquer assistência social, à procura de ajuda para sua família, que abandonou as terras que a décadas pertenciam à sua família.

Na indústria, esse processo por busca de conhecimento está mais avançado. São diversas as experiências. Desde a bem sucedida queima da casa do arroz para a geração de energia elétrica, passando pela extração de óleos finos para a indústria farmacêutica – utilizando o farelo da matéria-prima, até a obtenção de sílica para resultar em ligas resistentes de borracha, há uma gama enorme de aproveitamento para nosso arroz produzido às milhares de toneladas em nossas terras.

Basta querer. O que não pode, e o que não devemos é deixar como está. É hora de, literalmente fazer mais. Portanto, como bons gaúchos e catarinenses que não se assustam diante de qualquer cara feia, vamos ao trabalho.

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